quinta-feira, 11 de março de 2010

Shadow Lullabie's - Chapter 08

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Linh continuava a ser arrastada até, finalmente, aquele ser parar. A garota também parou ofegante. Agora pôde ver com mais clareza que aquela pessoa era mesmo um homem. Sua feição lembrava a de um índio, suas roupas também, e sua idade já deveria passar dos cinquenta anos. Mas o homem lançou à assistente um sorriso divertido, ao contrário da expressão dela, que continuava revelando seu imenso pavor.

- Aqui está bom – ele disse continuando a sorrir.

- Então será que dá pra me soltar? – Linh perguntou seriamente.

- Só se você prometer que não irá fugir. Sei que eu não sou tão bonito quanto aqueles garotos, mas, por favor, dê um pouco do seu tempo a este velho...

A garota ergueu a sobrancelha e um olhar intrigado. O que afinal aquele tiozinho poderia querer dizer com "dê um pouco do seu tempo a este velho"? Era inevitável para ela imaginar que na cabeça daquele estranho poderiam existir milhares de pensamentos pervertidos. Linh não tem culpa, afinal, cresceu sendo assediada. E em uma situação onde qualquer garota pensaria que aquele velho não passava de um tarado, é claro que ela também pensaria exatamente a mesma coisa. "Não, não e não"... Era o que ela expressava visivelmente com o olhar, enquanto o homem a sua frente continuava a lhe sorrir.


A situação em frente o Mc Donald's estava ficando fora de controle quando os garotos foram obrigados a chamarem os seguranças da banda. Não gostavam muito de fazer isso, mas não tiveram escolha. Ainda se estivessem em um país da América do Sul, por exemplo, talvez conseguissem passar despercebidos por entre a multidão. Mas não, eles eram uma famosa banda japonesa, no meio de uma movimentada rua de Tóquio. Foram todos muito imprudentes.

Os seguranças chegavam e tomavam o controle da situação, com todo o cuidado para não machucar nenhuma fã, afinal era necessário apenas que se afastassem de lá, antes que eles mesmos se machucassem, ou fossem estuprados por um grupo imenso de fangirls.

No meio de todo aquele movimento, Karyu de repente preocupou-se, como se recordasse de algo que todos haviam esquecido. O guitarrista olhou ao redor com olhos aflitos, mas em vão. Percebeu então que aquela dedicada assistente havia desaparecido de suas vistas, mais especificamente, de SUA vista. Pois apesar de disfarçar com esforço, Karyu sempre procurava, vez ou outra, fixar os olhos naquela garota, apenas para saber onde ela está, e como está. Isso ainda não era algo tão intenso, na verdade, era automático, inconsciente, como um movimento involuntário. Um instinto... Mas ainda era meio cedo para que se desse conta de tal.

O guitarrista olhou para o moreno ao seu lado, Tsukasa, e querendo logo falar com um de seus três companheiros, começou a dizer, esperando que o baterista aliviasse sua preocupação:

- Onde está Linh-san?

Mas no meio de todo o alvoroço, o músico não conseguiu escutar, retribuindo à pergunta com um "O QUÊ?!" esforçado e uma expressão desentendida. Karyu foi obrigado a repetir, agora com a voz mais elevada.

-LINH-SAN?!

Tsukasa também pareceu, finalmente, lembrar-se de algo. Sua expressão foi semelhante a do guitarrista há poucos instantes. Logo, não demorou muito para que os quatro D'espairs se pusessem preocupados. Zero supôs que ela tenha sido sequestrada, e Hizumi, ainda mais desesperado, começou a detalhar todas as desgraças possíveis que poderiam estar lhe ocorrendo. Mas, isso tudo, depois de terem ligado para a garota, e esta não atender. Ligaram outras vezes, todos tentaram, e nada.

Os seguranças liberaram as passagens até os carros. Eles entraram com certa dificuldade, e logo foram instruídos a seguirem para qualquer outro lugar longe dali. Dois automóveis com seguranças lhe dariam guarda, um viria à frente dos dois veículos conduzidos pelos músicos, e o outro seguiria atrás de todos. Porém, nem Zero, e nem Tsukasa queriam dar a partida.

- Nossos carros são blindados e a prova de choque, ninguém vai conseguir matar a gente... – dizia Zero ao segurança, pela janela do carro. E Hizumi, ao lado do baixista, reafirmava, insistindo para que pudessem ficar.

- Não podemos sair daqui! Nossa assistente deve ter se perdido! – dizia Tsukasa para outro segurança, também pela janela de seu automóvel. E Karyu não dizia nada, mas apenas continuava a ligar sem descanso para a assistente desaparecida.

- São ordens da agência e também da polícia – o segurança respondia a Tsukasa, enquanto outros afastavam as fãs – Nós estamos em um bairro afastado, vocês tiveram sorte de estarmos em um estúdio aqui perto. Porém todo esse tumulto não pode continuar ou será muito perigoso. Alguém pode se ferir...

E outros dois seguranças convenciam Zero e Hizumi:

- Primeiro vamos sair daqui. Depois procuramos a garota...

- Iremos no carro a frente, apenas nos sigam.

Não teve outro jeito. Foram obrigados a deixar o local. Um carro grande e preto partiu a frente, seguido pelo carro de Zero, seguido pelo de Tsukasa, seguido por outro carro grande e preto, igual ao primeiro. As fãs continuavam a berrar e causar tumulto. Enquanto os músicos partiam, elas tentavam segui-los de alguma forma. Mas foi em vão, pois a guarda local já havia aparecido para finalmente botar ordem naquela rua.

E mais uma vez, a banda foi obrigada a deixar sua assistente em segundo plano. Isso tornou por deixar os quatro integrantes frustrados.

Os carros andaram depressa, e bastante. Dois carros sendo protegidos por outros dois, sendo estes últimos totalmente pretos e de grandes portes, inevitavelmente causava certo impacto entre as pessoas da cidade. Mas sorte que todos os veículos, inclusive o carros de Zero e Tsukasa, tinham todas as suas janelas muito bem revestidas com insufilme. Dessa forma, ninguém de fora poderia sequer imaginar que dentro dos dois carros centrais estavam os quatro integrantes de D'espairsRay. Zero e Hizumi no elegante Audi prateado, seguidos por Tsukasa e Karyu no Posche vermelho, em alto estilo, do baterista. Enquanto duas grandes Mercedes pretas e intimidadoras os cercavam.

Assim que estavam bem distantes, entraram em um famoso hotel chamado Secret Garden La Province Hotel Cassino. Um hotel-cassino bastante conhecido por sua segurança e discrição. Também muito frequentado pela mais alta elite que geralmente visitava a capital Japonesa, a negócios, a passeio, ou pelos mais diversos motivos. Lá era certo que estariam completamente seguros, e assim poderiam pensar em uma maneira de encontrar Linh.

Entraram em um quarto "King", super espaçoso e luxuoso, e com uma vista exuberante. Karyu e Zero se sentaram na cama, o baixista pensativo, e o guitarrista voltando a esquentar sua orelha com o aparelho celular. Ele já havia revezado um pouco com Hizumi, afinal a assistente poderia estar com "receio" de atender justo Karyu. Mas o fato é que nenhum dos quatro músicos obtinha sucesso ao tentar contatá-la pelo celular. Linh não atendia.

Tsukasa foi pegar algumas bebidas no frigobar, e Hizumi andava de um lado para o outro. Zero, ainda sentado na cama, ergueu a cabeça e olhou primeiramente para Karyu; ele continuava nas suas tentativas incansáveis de ligar para a garota. Depois o baixista pairou os olhos em Hizumi, que andava de um lado para o outro, feito uma barata tonta. Tanto o loiro ao seu lado, quanto o moreno de pé a sua frente, faziam movimentos repetitivos. Um discando de tempo em tempo uma mesma tecla, e o outro com passos que já adquiriam um ritmo próprio. Zero escutava o barulho da tecla do celular do guitarrista, seguido pelo baixo som que ecoava das chamadas, e depois pela voz irritante da mulherzinha da caixa postal. E isso se misturava às batidas ritmadas dos pés do vocalista. Passos de um lado, passos de outro, tecla de celular, passos, chamadas, passos, passsos, chamadas, mais passos, caixa postal, passos, tecla, passos, passos, chamadas, passos...

É claro que o nosso baixista, leonino de tipo sanguíneo O, não suportaria aquilo por mais tempo.

- CARALHO VOCÊS DOIS!! DÁ PRA PARAR?!!

Eles pararam... De susto.

- Karyu, desista... – Zero dizia mais calmamente – Ou pelo menos dê um tempo e liga daqui uns cinco minutos... E Hizumi... – voltou-se agora para o menor a sua frente – Do quê vai adiantar você ficar que nem um idiota andando de um lado para o outro? Não me diga que é uma espécie de dança indígena que fará com que a nossa querida assistente surja das profundezas-do-sei-lá-o-quê, resolvendo todo o nosso problema? Porque, a menos que seja exatamente isso, eu não estarei disposto a suportar esse seu zigue-zague irritante.

O baixista concluiu com um suspiro pesado. E os dois músicos ficaram em silêncio. Sabiam que quando Zero tinha essas crises, era melhor apenas concordar com tudo o que ele dizia. Mas essa também era a forma dele demonstrar que estava nervoso e preocupado.

- Já tá dando chilique, seu gay? – dizia Tsukasa aparecendo com as bebidas em mãos.

O baterista recebeu um breve olhar raivoso de Zero, mas respondeu a este com um de seus belos sorrisos, e entregou-lhe uma das quatro latinhas geladas que segurava:

- Uva verde... É bem refrescante ;)

- Valeu... – o baixista agradeceu, aceitando a bebida.

Todos estavam agora com latinhas de sucos em mãos, sob um silêncio não pouco perturbador. Hizumi sentara-se ao chão, encostando em uma das paredes, e Tsukasa optou por uma poltrona próxima ao vocalista.

Karyu colocou a lata sobre a mesinha de cabeceira, retirou de um dos bolsos um maço de cigarros (Marlboro), pegou uma das unidades e agora começava a procurar pelo seu isqueiro. Mas não o encontrara até escutar o barulho do mesmo sendo aceso pelas mãos do baixista, que também decidiu por fumar. Karyu encarou Zero com um sorriso indignado, mas não surpreso, e esperou que este acendesse o cigarro, que segurava com os lábios. O baixista terminou, fechou o isqueiro prateado, e tragava lentamente conforme lançava um sorriso safado para o amigo.

- Situação invertida... – ele disse mantendo o sorriso enquanto entregava o isqueiro para Karyu.

- Acho que é um pouco diferente... – o guitarrista respondia levando o cigarro até a boca, e depois continuando com uma voz abafada, enquanto o acendia – ...Quando houve um pequeno furto do meu isqueiro, não acha? – terminou ao dar uma tragada, em seguida sorrindo de forma divertida.

Ambos notaram outro barulho, de outro isqueiro. Agora era Tsukasa que acendia seu cigarro.

- Por que você não aprende com ele? – perguntou Karyu para Zero. E todos riram.

Pronto. Todos fumavam, exceto Hizumi, que não fuma. O vocalista apenas abanava discretamente uma fumaça ou outra que eventualmente adentrava em suas narinas.

Poucos instantes depois, um celular tocou. Tsukasa procura, Zero também, e Hizumi assim como eles...

- É o meu! – disse Karyu com o aparelho em mãos, pronto para atender – Moshi-moshi?









Nota:
Hizumi realmente é o único entre os quatro que não fuma... u.ú
Melhor neh? Já que é o vocalista...

(E a voz dele é perfeita S2)

;**



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