O dia costumava começar agitado em uma cidade como Tóquio. Do apartamento onde a banda ficava o barulho efetuado pelos carros ou por qualquer outra coisa que produzisse som no horário de pico pela manhã, era anestesiado devido ao andar do prédio ser muito alto. Assim sendo, todos podiam ter belos sonos e só acordariam quando seus despertadores os alertassem.
Ouvia-se aquele eco irritante de um despertador que soava por todo o apartamento. Passava pela cozinha, pelas salas, pelas escadarias... E seu barulho se intensificava até chegar em um quarto. Vemos uma mão surgir por debaixo do edredom e desligar o aparelho num ato que parecia ser mais do que automático. Eram 07h20 da manhã. Após alguns instantes, Tsukasa se revela empurrando o travesseiro e lentamente abrindo os seus olhos ainda assonados, até finalmente olhar para o teto e quietar-se pensativo. Estava tomando coragem para levantar.
Quando tal coragem lhe veio, Tsukasa levantou-se em um único impulso. E com seu cabelo todo arrepiado e vestindo apenas um calção azul-escuro, dirigiu-se até o banheiro. Porém teve uma decepção ao tentar abrir a porta: por mais que ele forçasse, a porta não abria... Como se estivesse trancada.
- Droga... Que merda é essa? – murmurava ele para si, depois dizendo em voz alta – Tem alguém ai?!!
O silêncio permaneceu, e seria mesmo muito estranho ter alguém em seu banheiro quando cada um possui o seu, a menos que isso fosse um fetiche. Tsukasa desistiu e resolveu sair do quarto, teria que se contentar com o banheiro extra do segundo andar. Mas assim que saiu, deu de cara com Linh, praticamente atropelando a garota.
- Aaaaaaa! – gritou ela ao tomar um susto – Tsu... Tsukasa-san?
Linh já estava vestida com roupas leves e discretas e seu cabelo estava mais uma vez preso e bem arrumado.
- Ah, foi mal... – desculpava-se Tsukasa – Não sabia que ia te encontrar por aqui. Na verdade eu... Esqueci que...
- Eu sei, eu sei... Você não deve mesmo estar acostumado a... – dizia Linh observando Tsukasa dos pés a cabeça e notando que por pouco ele poderia estar nu – Não é tão rápido se acostumar a ter uma garota rondando por aqui também...
- Ah, me desculpe! – desculpava-se Tsukasa dessa vez pelos seus trajes – Vou colocar uma roupa!
- Não se preocupe, levarei isso com profissionalismo! Embora seja... Realmente surpreendente para uma fã... Acho que se outras fãs soubessem disso eu estaria morta.
- Huahuauahauhuahuahau! Que exagero...
- Não, é verdade! Ainda mais sendo você!
- Eu? Por quê?
- Ora... Vamos mudar de assunto! Você me parece estar com problemas, o que houve?
- Ah, a porta do meu banheiro não abre. Deve estar trancada, mas eu não tenho a chave.
- Que estranho... Quem iria trancar o seu banheiro?
- É... Talvez seja uma pegadinha dos meus "colegas de trabalho": "Vamos trancar o banheiro dele!" – brincou Tsukasa afinando a voz para interpretar os colegas.
- Huhauhauahauhauah! Espere, deixe-me ver! Posso entrar em seu quarto?
- Ah, sim... Claro!
Tsukasa deu espaço para que a garota pudesse entrar, e esta se dirigiu até a porta do banheiro. Ela tentou abrir uma vez e não conseguiu, então se agachou lentamente e observou a fechadura milimetricamente. Tsukasa, ao observá-la, foi incapaz de deixar de reparar em certos detalhes da garota, como os seus olhos, seus movimentos, suas mãos delicadas e com unhas bem feitas, e suas roupas que pareciam querer ocultar o seu corpo que, aos olhos do baterista parecia ser algo escultural. Apenas pelo que ele conseguiu notar ao observar - nem tão rapidamente - as pernas da jovem. Não demorou muito para que ele ficasse hipnotizado.
- Sabe... Eu tive sorte de ter sido você... – dizia ela interrompendo a distração de Tsukasa.
- Como assim? – perguntou ele.
- Eu imagino que... – respondia Linh enquanto tocava a maçaneta e tentava abrir lentamente – Eu ficaria muito abalada se tivesse esbarrado com o Karyu.
- Ah... – silenciava Tsukasa antes de retomar o assunto – Você... Tem tanto medo dele assim?
- Isso nunca aconteceu comigo em toda a minha vida. E olha que eu já fiz muita coisa, conheci muita gente... Mas nunca tive essa reação com ninguém.
- É mesmo muito estranho...
- Mas isso não é algo que eu possa irrelevar – Dizia Linh um tanto tensa - Se isso não for superado, é meu dever e obrigação me retirar do cargo de assistente de vocês.
- Wow! Precisa ser assim tão radical?
- Quem pode ter como assistente alguém que sequer se aproxima de você?
Tsukasa não soube responder, e fez-se o silêncio por um instante enquanto Linh tomava ares melancólicos sem deixar de resolver o problema da porta do banheiro.
- Eu não quero, mas... AH! Consegui!!
Linh puxou a maçaneta normalmente e a porta se abriu. Tsukasa ficou impressionado.
- Nossa!! Você é incrível! O que fez?
- A porta só estava emperrada de forma "delicada"! Nesse caso a questão não é força ou insistência, mas sim "jeito".
- Estou impressionado! Omedetou! Senhorita Akayame... – dizia Tsukasa enquanto a garota ria – E... Arigatô!
- Que isso... Não faço mais do que a minha obrigação. – disse ela sorrindo – Bom, agora deixe eu me retirar! Por favor, fique a vontade!
Linh saia do quarto enquanto Tsukasa entrava no banheiro, mas a garota o interrompeu ligeiramente:
- Ah, Tsukasa-san?
- Hum?
- Por que só você está acordado?
- Ah, isso... Hizumi e Zero às vezes esquecem de ligar o despertador. Quanto a Karyu, talvez já esteja acordado, mas não posso afirmar isso com certeza, sinto muito.
- Não, tudo bem! Eu que agradeço! Com licença... – disse Linh finalmente saindo.
- Tão eficiente... – balbuciou Tsukasa.
Linh caminhava pelo corredor um tanto aflita, andava de um lado para o outro perdida e pensativa:
- Eto... Sem chances! Não posso manter essa compostura por muito tempo! Eu também sou uma fã, droga! E Tsukasa-san... Ele é... So cool!! Ahhhhhh... Não Linh! Pare, pare! Que tipo de profissional você é? Eu fui tão diferente, como eu consegui? E essas roupas sociais? Tenho vontade rasgá-las e desfiá-las e então parecer uma farrapada estilosa! Até isso seria melhor do que toda essa formalidade! Que que eu faço, que que eu faço...
Reviews????!!
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