quinta-feira, 11 de março de 2010

Shadow Lullabie's - Chapter 12

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Assim o jogo foi tendo continuidade por aquela noite. Foi bem engraçado ver o modo como cada músico gritava antes de recolher a carta. Sorte que o apartamento era composto com materiais a prova de acústica, para facilitar possíveis ensaios da banda. Assim os gritos ao menos não perturbariam os vizinhos.

Mesmo quando a garrafa de tequila acabou, Zero apareceu com uma de saquê, e também tinham várias cervejas na geladeira. Linh protestou, afinal já estavam todos bêbados, mas foi em vão. No fim de tudo, os mais sóbrios entre os cinco foram ela e Hizumi. Tsukasa e Zero brincavam de se bater, esmurrar, chutar, rir... Karyu fumava na varanda enquanto cantava super mal, Hizumi procurava algo na geladeira para comer, e a assistente foi socorrer Tsukasa que parecia começar a passar mal.

- Droga!! Vamos levá-lo pro banheiro. Tsukasa-san, não desmaie okey? – ela dizia sendo ajudada pelo baixista a conduzi-lo até o banheiro do primeiro andar.

- Zero-san... É para ELE se apoiar em você, e não VOCÊ se apoiar nele! Céus!!! Como que eu pude deixar que bebessem tanto!!!? Tá um pior que o outro.

Entraram no banheiro onde, ajudado por Linh, Tsukasa conseguiu vomitar. A garota segurava o seu cabelo para que este não sujasse acidentalmente, e Zero acendia um cigarro no corredor. Tudo corrido, agitado, e trabalhoso. Apenas naquele momento Linh se deu conta de que estava sozinha em um apartamento, cuidando de quatro músicos alcoolizados.

Com alguma dificuldade, conseguiram sentar Tsukasa no sofá. Hizumi apareceu com uma garrafa de água que o baterista bebeu até a metade rapidamente.

- Vamos levá-lo pra cima, antes que ele comece a encher o saco... – disse o vocalista com um olhar assonado, enquanto comia um lámen instantâneo.

- Chato é você, Hizumeeeee!! Nunca fica muito bêbado, é viciado em computadores, em jogos... Seu puto anti-sociaaaaaaal!! – Tsukasa dizia com aquele sotaque embriagado.

- Falei... Cala a boca, seu gay!!! Vê se vai dormir numa boa dessa vez, tá? Colabora!

- Hhauahuahauahuah!!! Vocês estão ouvindo isso? Hizumeeeeeeee...

- Hã?

- Meeeeeee? xD

- Vai se fuder!

- Fala pra prostituta loira que ela não sabe cantar... Ela vai ficar iludida... Vai láaaa... – Tsukasa apontava pra Karyu, que ainda cantarolava na varanda.

- Caralho viu... Anda! Vamos subir! Zero!! Você consegue ir sozinho né? – perguntou Hizumi recebendo um "sim" acenado com a cabeça pelo baixista, que tampouco parecia bem – Linh-san, você me ajuda com ele?

- Sim... Vamos!

Nenhum movimento foi fácil, afinal parece que quando bêbadas as pessoas dobram de peso. Mas depois de muito esforço, Linh e Hizumi colocaram Tsukasa deitado em sua cama.

- Aiai... Até que enfim!! Acho que amanhã ele vai acordar com uma baita ressaca, né? – dizia Linh um pouco ofegante.

- Huahauahuah!! Com certeza... – concordou Hizumi.

- Fique ai com ele, ou se quiser vá dormir também. Você deve estar cansado. Eu vou buscar a loira que ficou lá embaixo... u.ú

- Okey, vai lá!

A assistente já se retirava do quarto quando foi interrompida pelo vocalista.

- Linh-san!!

A garota parou antes de colocar um dos pés no corredor, e virou-se na direção oposta para encará-lo.

- Obrigada por tudo e... Nos desculpe também. – ele disse com uma voz terna.

Antes de responder, a assistente ficou em silêncio por dois segundos, e no terceiro sorriu.

- Não se preocupe... Eu estou aqui pra isso. Para ajudá-los no que for preciso. – disse, recebendo também o sorriso do músico como resposta.

Desceu as escadas com calma enquanto fitava o guitarrista distraído na varanda da sala. Já não mais cantarolava, apenas observava quieto à paisagem, sob o céu ainda noturno das quatro da manhã. Também havia sobre a muretinha da varanda uma lata de cerveja e um cinzeiro sobre o qual o músico despejava as cinzas de seu cigarro ainda aceso entre os dedos. Ele estava bêbado, mas parecia bem apesar disso.

Linh se aproximou lentamente, até se colocar ao seu lado em silêncio, também começando a admirar aquela bela paisagem da cidade vista do alto. Ambos permaneceram em um minucioso silêncio. Após outra tragada em seu cigarro, Karyu começou a dizer:

- Você já parou pra pensar... Em coisas como o destino?

- "Yume*"? [*destino]

- Sim... Saber que nada é por acaso. Por exemplo, naquele dia, se Zero tivesse se lembrado o caminho, não teríamos encontrado Giyo-san. Porque simplesmente ele não estava em casa... Já parou pra pensar em como veio parar aqui? – ele perguntou ao encará-la com curiosidade.

- Bom... Eu deixei o meu emprego em uma lanchonete no mesmo dia em que a senhorita Swans estava almoçando lá. Então ela me procurou, ficamos conversando, e foi graças a isso que hoje estou aqui.

- É engraçado não é? Se não fosse por isso, e por aquilo, e por outras coisas, tudo o que vivemos não teria acontecido. Ou então, se um simples fato fosse diferente, todas as coisas atualmente seriam diferentes também.

- Realmente... É por isso que dizem que nada é por acaso.

- Estarmos agora falando sobre isso também não é por acaso? – Karyu perguntou com um olhar ansioso por uma resposta. A assistente o encarou por alguns segundos antes de responder.

- Bem... Creio que não...

O silêncio pairou novamente no ar, permitindo apenas a intensa troca de olhares entre eles, conforme uma suave brisa noturna soprava em ambas as faces. Algumas vezes, Linh sentia a necessidade de respirar um pouco mais a fundo, e estranhamente, seus pés deram lentos passos para trás ao notarem o aproximar sutil do guitarrista. Este último parou, também estranhando a reação da garota.

- Ainda sente medo de mim? – perguntou temendo a resposta.

- N... Não! Eu... Eu já perdi o medo, pode acreditar.

Mesmo ela tendo dito que não sentia medo algum, Karyu pareceu inseguro quanto a acreditar naquilo. Suspirou pesadamente e desviou o olhar, também se afastando. Após tragar o cigarro mais uma vez, disse sem encará-la:

- Está muito tarde, vá dormir. Eu irei depois, não se preocupe.

A garota sentiu uma leve pontada no peito ao ouvir aquela simples frase. Não porque ele lhe pedira que fosse dormir, mas sim porque, de repente, o sentiu distante e, de certa forma, condolente.

Agora quem tinha medo era ele. Karyu tinha medo de que ela voltasse a temê-lo. Tinha medo de se aproximar e fazer o pavor ressurgir. A assistente já havia notando nos três últimos dias que quem evitava se aproximar não era ela, e sim ele. E aquilo a deixava inexplicavelmente triste.

Não se moveu de seu lugar, apenas ficou a observá-lo por algum instante. Observar o seu olhar distante, a forma como apagava o cigarro no cinzeiro, e de como mantinha aquele silêncio ininterrupto, fingindo não se dar conta de que ela o observava, ou fingindo não se importar com sua presença.

Mas Linh sabia muito bem o que tanto preocupava Karyu, o que visto por ela era uma preocupação muito precipitada. Não havia mais medo, ela não mentiu quando disse isso. Não o temia, não tinha medo de se aproximar, não havia impedimentos para que agora pudessem conviver como pessoas comuns. Mas era notório que o guitarrista não pensava dessa forma. Assim como era fácil perceber que isso o entristecia.

Linh sorriu conforme pensava em tais coisas, e enquanto continuava a fitá-lo sem se afastar ou interromper o silêncio.

E tal silêncio de fato não foi interrompido, porém por impulso, a assistente se aproximou do músico, e segurou em seus braços até posicioná-lo frente a ela. Karyu apenas estranhava com o olhar, enquanto a garota continuava a sorrir.

Limitou-se em alguns segundos de silêncio enquanto o encarava. Até enfim ter o ímpeto de fazer o que antes não fora possível. Lentamente, Linh ergueu os braços até os ombros um pouco elevados do músico, mas ao menos estar de salto alto lhe permitiu não ter tanta dificuldade para fazer aquilo. Enfim, e sob o silêncio instável, Karyu foi surpreendido por um terno abraço.

Ele, por sua vez, permaneceu estático e abalado. Sentiu antes de tudo o delicado perfume da garota adentrar em suas narinas, conforme seus batimentos cardíacos se aceleravam ao compasso dos dela. Instintivamente correspondeu, e também a envolveu em seus braços delicadamente.

Linh deu tempo ao silêncio antes de dizer com um sorriso:

- Viu só? Sem medo, sem ficar tremendo... Sem desmaiar ou correr risco de vida. – concluiu rindo, despertando também o sorriso do guitarrista que sem pensar muito a abraçava mais forte.

- Sinto muito por desconfiar... – ele disse – Mas se em algum momento esse medo voltar, não se esforce tanto, apenas...

- Não vai voltar. – ela o interrompeu dizendo de forma objetiva – Está tudo bem agora, okey?

- Você... – ele dizia ao sorrir – Parece uma mãe... Huahuahau...

- Eiii!! Sou mais nova que você, tá?! Abri uma exceção hoje para cuidar de marmanjos alcoolizados, mas não se acostumem! – ela protestou enquanto ambos se separavam – Agora realmente devo ir. Vê se não enrola demais e vá dormir também.

- Okey. Só vou fumar o último aqui, e depois eu também subo...

- Viciado...¬¬ - ela murmurou ao se afastar.

Karyu escutou, mas apenas sorriu de maneira travessa, conforme acendia o cigarro que segurava entre os lábios. Seguindo o barulho da pedra de seu isqueiro, tudo o que pôde ouvir foram os passos sutis da assistente subindo os degraus da escada. Passos que logo se tornaram imperceptíveis. Depois disso, só o silêncio... A fumaça de um cigarro e uma bela vista noturna. Fim de noite.








Notas:
Em uma entrevista rápida que Zero e Karyu deram antes de um show no Taste of Chaos, perguntaram para eles falarem um pouco sobre algum defeito, ou característica dos dois membros ausentes (Hizumi e Tsukasa).
Os dois riram com a pergunta e Karyu respondeu que não tem algo específico, porém Hizumi jogava muito video game, e Tsukasa dava trabalho quando bebia... u.ú

Fico imaginando como q é isso... Tsukasa enchendo o saco, etc.. Hhauahauahuah!!!



PRÓXIMO CAPÍTULO EM BREVE



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